sexta-feira, 22 de agosto de 2008



Oração de Joana de Ângelis

Todos temos carência de amor: amemo-nos Florescemos onde Deus nos haja plantado.
Sejamos nós aqueles que servimos.
Não esperemos que nos ajudem: ajudemo-nos.
Se alguém não nos ama, problema dele. Quando não amamos, problema nosso.
Se alguém nos persegue, pior para ele; quando perseguimos, infelizes de nós.
E dando-nos as mãos, sem prejuízo de casta, de cor, de credo, erguemo-nos para cantar o hino de louvor a Deus, e exaltando os 130 anos do nascimento da Doutrina Espírita digamos:
Senhor, a maioria dos homens que te procuram é sempre para pedir. Uns reclamam, outros impõem, um grande número blasfema, menos eu, Senhor. Eu quero dizer-te que amo a vida que para mim é bela e é consentida.
Muito obrigada, Senhor, pelo que me deste, pelo que me dás, muito obrigada pelo pão e pela paz. Muito obrigada pela beleza que os meus olhos vêem no altar da natureza, olhos que vêem o céu, a terra e o mar, que acompanham a ave ligeira que corre fagueira pelo céu de anil e se detém na terra verde, salpicada de flores em tonalidades mil.
Muito obrigada, Senhor, porque eu posso ver meu amor.
Diante da minha visão, pelos cegos eu te formulo uma oração, porque eu sei que depois desta vida, na outra lida eles também enxergarão.
Muito obrigada, Senhor, pelos ouvidos meus, que me foram dados por Deus.
Ouvidos que ouvem a música do povo que desce da praça a cantar a melodia dos imortais, que se ouve uma vez, e ninguém esquece nunca mais.
Pela minha felicidade de ouvir deixa-me pelos surdos pedir. Eu sei que depois desta dor, no Teu Reino de Amor, eles voltarão a ouvir.
Muito obrigada, Senhor, pela minha voz, mas também pela sua voz, pela voz que ama, que declama, que canta, que ilumina, pela voz que ensina, que flauteia numa canção e que ao Teu nome profere com sentida emoção.
Diante da minha melodia, eu Te quero rogar pelos que sofrem de afazia, os que não cantam de noite, os que não falam de dia. Oro por eles, porque sei que depois desta prova, na vida nova, eles também cantarão.
Obrigada pelas minhas mãos, mas também pelas mãos que aram, que semeiam, mãos que agasalham, mãos de amor... mãos de ternura, que libertam da amargura, mãos da caridade e da solidariedade, mãos dos adeuses, mãos de poesia, mãos de cirurgia, pelas mãos que apertam mãos, mãos que ajudam a velhice, a pobreza e a dor, que no seio embalam o corpo de um filho alheio, sem receio, e pelos pés que me levam a andar, sem reclamar, muito obrigada, Senhor, porque eu posso caminhar.
Diante do meu corpo perfeito eu Te quero louvar, porque eu vejo na Terra infelizes, aleijados, amputados, deformados, marcados, desesperados e eu posso bailar. Oro por eles. Eu sei que depois desta expiação, na outra reencarnação eles também bailarão.
Obrigado, Senhor, pelo mau lar. É tão bom ter um lar. Não é importante se este lar é uma mansão, ou um apartamento de luxo, ou estar numa favela, se é um grabato de dor, ou um ninho, ou uma casa no caminho, seja lá o que for, mas é importante que dentro dele exista amor; amor de mãe ou de pai, de esposa ou de marido, de um irmão ou de um amigo, alguém que nos dê a mão, porque é doloroso viver na solidão, mas se eu a ninguém tiver para amar, sem um teto para me agasalhar ou uma cama para repousar, ou cão para me acompanhar, nem assim blasfemarei, porque eu tenho a Ti, e Te quero dizer obrigada, Senhor, porque eu nasci. Muito obrigada porque eu creio em Ti.
Pelo Teu amor, obrigada, Senhor.
Pela vida, querida, obrigada Senhor, muito obrigada!

Nenhum comentário: